segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

84ª Cerimónia dos Óscares - Vencedores

A edição deste ano dos Óscares da Academia Americana de Cinema foi apresentada pelo veterano Billy Chrystal. Estes são os vencedores, por ordem de entrega de galardões:

  • Melhor Fotografia: "A Invenção de Hugo", Hugo
  • Melhor Direcção Artística: "A Invenção de Hugo", Hugo
  • Melhor Vestuário: "O Artista", The Artist
  • Melhor Caracterização: "A Dama de Ferro", The Iron Lady
  • Melhor Filme Estrangeiro: "Uma Separação" - Irão
  • Melhor Actriz Secundária: Octavia Spencer, "As Serviçais" (The Help)
  • Melhor Montagem: "Os Homens que Odeiam as Mulheres", Girl with the dragon tatoo
  • Melhor Som:  "A Invenção de Hugo", Hugo
  • Melhor Mistura de Som: "A Invenção de Hugo", Hugo
  • Melhor Documentário: Undefeated
  • Melhor Filme de Animação: Rango
  • Melhores Efeitos Visuais: "A Invenção de Hugo", Hugo
  • Melhor Actor Secundário: Christopher Plummer, "Assim é o Amor", Begginers
  • Melhor Banda-Sonora: "O Artista", The Artist
  • Melhor Canção: Man or Muppet, "Os Marretas", The Muppets
  • Melhor Argumento Adaptado: "Os Descendentes", The Descendants
  • Melhor Argumento Original: "Meia-Noite em Paris", Midnight in Paris, de Woody Allen
  • Melhor Curta-Metragem de Ficção: The Shore
  • Melhor Curta-Metragem Documental: Saving Face
  • Melhor Curta-Metragem de Animação: The Fantastic Flyings Books of Mr. Morris Lessmore
  • Melhor Realizador: Michel Hazanavicius, "O Artista", The Artist
  • Melhor Actor: Jean Dujardin, "O Artista", The Artist
  • Melhor Actriz: Meryl Streep, "A Dama de Ferro", The Iron Lady
  • Melhor Filme: "O Artista", The Artist

A cerimónia decorreu sem problemas. Não houve grandes surpresas entre os premiados.
O apresentador Billy Chrystal teve um desempenho bastante cómico. A actuação do Cirque du Soleil foi emocionante e o pequeno erro técnico que envolveu dois artistas um pouco após o início não destruiu a sua narrativa. A sequência In memoriam, que como sempre homenageia alguns dos nomes ligados ao cinema que faleceram no ano anterior, foi bonito e delicado, contado com a participação musical de um coro infantil e da cantora Esperanza Spalding, que juntos interpretaram uma versão de What a Wonderful World de Louis Armstrong.
É de lamentar que não tenham incluído números de dança ou actuações ao vivo aquando da menção das canções e bandas-sonoras nomeadas. Esperemos que esta falha seja colmatada no próximo ano.

"O Artista" foi um justo vencedor dos Óscares que recebeu. A sua homenagem ao cinema mudo e aos primeiros filmes falados e a ternura desse tributo é encantador. O cinema francês conseguiu sobrepor-se nas categorias mais importantes a outras boas produções.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Crescer ou não crescer?

Ontem visionei numa sala de cinema o mais recente filme de Jason Reitman, "Jovem Adulta" (Young Adult), que volta a trabalhar com um guião de Diablo Cody, cerca de cinco anos depois de ambos terem colaborado em Juno. Enquanto Juno recebeu inúmeros prémios, incluindo o Óscar de Melhor Argumento Original para Diabo Cody e galardões na área da interpretação, "Jovem Adulta" teve direito a menos prémios e nomeações e a um pior rendimento nas bilheteiras norte-americanas, não conseguindo sequer alcançar uma menção na lista de nomeados dos Óscares.

"Jovem Adulta" é uma comédia protagonizada por Charlize Theron, que interpreta uma escritora-fantasma de uma série de livros para adolescentes e adultos jovens que vive um estilo de vida que não é o mais saudável: às vezes começa o dia a beber Coca-Cola directamente da garrafa, não passeia o cão e é desleixada. Um dia, enquanto tenta terminar o último capítulo do último título da série cada vez menos vendida nas livrarias, encontra na caixa de correio electrónico uma mensagem com a fotografia da filha recém-nascida do seu antigo amor do liceu. A autora, divorciada e a tentar encontrar um novo companheiro, regressa à sua natal a fim de reatar a relação com o namorado, ignorando o facto de ele já ter constituído família e hospedando-se num hotel em vez de visitar os pais.

O filme aborda a dificuldade em abandonar a adolescência, esquecer o passado e escolher um novo caminho se um muro aparecer diante de nós. A Mavis Gary de Charlize Theron não é, porém, a única adulta que tem dificuldade em amadurecer; muitos dos seus antigos colegas de liceu não esquecem sentimentos que tinham em relação a ela, nem episódios que os afectaram grandemente nessa altura. Nesta comédia que faz rir, mas menos vezes que "Juno", todos os adultos mostram ter algo de infantil, como acontece provavelmente a muitos dos próprios espectadores.
Esta não será tida como a melhor obra da carreira de Jason Reitman, mas é extremamente interessante e ajuda a perceber que crescer não é um proceso tão fácil como parece.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Prémios César

Teve lugar ontem a 37ª cerimónia de entrega dos Prémios César da Academia Francesa das Artes e Técnicas do Cinema. Alguns dos principais galardões foram entregues aos seguintes filmes e indivíduos:


Melhor Filme: "O Artista" (The Artist)
Melhor Realizador: Michel Hazanavicius, "O Artista"
Melhor Actor: Omar Sy, Driss
Melhor Actriz: Bérénice Bejo, "O Artista"
Melhor Actor Secundário: Michel Blanc, L'Exercice de l'État 
Melhor Actriz Secundária: Carmen Maura, "As mulheres do Sexto Andar", Les femmes du 6e étage
Melhor Argumento Original: Pierre Schoeller, L'Exercise de l'État
Melhor Argumento Adaptado: Roman Polanski e Yasmina Reza "O Deus da Carnificina", Carnage

Melhor Filme Estrangeiro: "Uma Separação", de Asghar Farhadi (Irão)
Melhor Documentário: Tous au Lazarc, de Christian Rouaud
Melhor Filme de Animação: "O Gato do Rabino", Le chat du rabbin, de Joann Sfar e Antoine Delesvaux

"O Artista" foi o grande vencedor da noite, tal como se esperava.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Estreias da semana

  • Albert Nobbs, de Rodrigo García, com Glenn Close, Mia Wasikowska, Janet McTeer. País: Reino Unido. Duração: 113 minutos. Trata-se da adpatação de um conto de George Moore, The Singular Life of Albert Nobbs, ambientado na Irlanda do século XIX, numa altura em que as mulheres ainda são discriminadas por causa do sexo e muitas são destinadas a empregos com ordenados baixos. Glenn Close interpreta uma mulher que, disposta a contrariar essa realidade, se disfarça de homem para poder trabalhar como mordomo num hotel de luxo. Um pintor captura o seu coração e tenta-a a abdicar do seu segredo.
  • Bel Ami, de Declan Donnellan e Nick Ormerod, com Robert Pattinson, Christina Ricci, Uma Thurman. País: Reino Unido. Duração: 102 minutos. Bel Ami, baseado numa das obras do escritor francês Guy de Maupassant, é protagonizado por Georges Duroy, um jovem inteligente e sedutor que utiliza os seus dotes para subir pouco a pouco a escada social, desde a miséria à riqueza.

  • "Cavalo de Guerra" (War Horse), de Steven Spielberg, com Jeremy Irvine, Emily Watson, David Thewlis, Benedict Cumberbatch. País: E.U.A. Duração: 146 minutos. Adaptação do romance de Michael Morpurgo, aborda a relação de amizade entre Albert e o seu cavalo, que são forçados a separar-se após a eclosão da Primeira Guerra Mundial. Albert junta-se ao exército britânico e viaja para a Europa continental; o cavalo, vendido a uma cavalaria, é recrutado também para auxiliar a Grã-Bretanha na guerra e vive imensas aventuras enquanto percorre novos territórios e conhece cavalos e pessoas de países e ideologias diferentes.

  • "Declaração de Guerra" (La guerre est declarée), de Valérie Donzelli, com Brigitte Sy, César Desseix. País: França. Duração: 100 minutos. A narrativa deste filme trata de uma relação de carinho e amor entre um casal, Roméo e Juliette, e o seu pequeno filho Adam, diagnosticado com um cancro no cérebro. Os pais recusam-se a permitir que o filho sucumba à doença e que os médicos desistam de o tratar. É declarada a guerra ao cancro e também à morte e à destruição da família.


  • "Guerra é Guerra" (This means war), de McG, com Reese Witherspoon, Tom Hardy, Chris Pine. País: E.U.A. Duração: 98 minutos. A trama desta comédia centra-se num conflito gerado entre dois espiões que não só são os melhores amigos como se apaixonam pela mesma mulher; para a conquistar, recorrerão às suas armas e aos seus trunfos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A magia de Hugo

Estreou a semana passada o filme com mais nomeações para 84ª Cerimónia de Entrega dos Óscares da Academia de Cinema Americana. "A Invenção de Hugo" (Hugo) é o seu título e adapta um romance juvenil de Brian Selznick, The Invention of Hugo Cabret, publicado em 2007. Apesar das muitas nomeações que já lhe foram atribuídas, tem recebido principalmente prémios em categorias ditas técnicas.
O filme trata das aventuras do jovem órfão Hugo Cabret na Paris de 1930 e cuja vida sofre uma reviravolta após a morte do pai e a posterior ida para a casa do tio. É obrigado a abandonar a escola e começa a dedicar-se apenas a regular os relógios da estação de comboios de Paris, a roubar, a fugir da polícia e a consertar objectos, tal como o autómato que herdou do pai, que se supõe ser capaz de escrever e esconder um segredo. No entanto, Hugo não consegue descobrir a peça essencial para o conserto do autómato, uma chave em forma de coração que encaixe na fechadura das costas do boneco a fim de o activar. É através de um velho vendedor de brinquedos e da sua afilhada, Isabelle, portadora de uma chave como a que Hugo procura, que se poderão desvendar alguns mistérios que envolvem inclusivamente a primeira película que o pai do protagonista viu no cinema, "Viagem até à Lua" (Trip to the Moon), de Georges Méliès.

Hugo, apesar de apresentar uma narrativa em momentos previsível e noutros lacrimosa, tal como seria de esperar por parte de um filme desta natureza realizado por um grande estúdio norte-americano, é extremamente aprazível. As viagens aos primórdios do cinema com a inclusão de gravações e excertos dos primeiros filmes que o mundo viu, as idas à biblioteca a transbordar de livros, a vislumbre de flores frescas à venda na estação de comboios, os brinquedos de corda e os croissants quentes remetem para a inocência e a luz que permitem a fruição e a alegria e trarão certamente sentimentos nostálgicos a espectadores mais velhos. Estes elementos também servem para recordar o poder dos sonhos e da sede de viver e aventurar-se por novos mundos.
A cidade de Paris está bem representada, com o seu bulício e a sua grandiosidade. Creio que a minuciosidade da recriação histórica é outro logro do filme.
O elenco complementa o filme sem o prejudicar nunca. Asa Butterfield é um magnífico Hugo tanto a nível emocional como físico e Chloe Grace Moretz volta a confirmar que tem o que é preciso para ser uma boa actriz. Há que também referir a prestação de Sacha Baron Cohen, o amado/odiado Borat, que neste filme mostra ser capaz de desempenhar um papel mais emocional daqueles a que está acostumado, dando-lhe mesmo assim um toque de graça muito simpático.
Vejam o filme e entrem num mundo de aventuras.

Prémios Goya

Terminou há uns minutos a 26ª Gala dos Prémios Goya da Academia Espanhola de Cinema. De todos os títulos de origem espanhola ou ibero-americana nomeados para os prémios, só um estreou já em Portugal, "A Pele Onde Eu Vivo", de Pedro Almodóvar. Vejamos se os outros vencedores chegarão às nossas salas. Enumero aqui os galardoados de algumas das categorias mais cobiçadas.

Melhor Actor Secundário: Lluís Homar, Eva
Melhor Actriz Secundária: Ana Wagener, "A Voz Adormecida", La voz dormida
Melhor Actor Revelação: Jan Cornet, "A Pele Onde Eu Vivo", La piel que habito
Melhor Actriz Revelação: María León, "A Voz Adormecida", La voz dormida
Melhor Actor Principal: José Coronado, "Não haverá Paz para os Malvados", No habrá paz para los malvados
Melhor Actriz Principal: Elena Anaya, "A Pele Onde Eu Vivo", La piel que habito
Melhor Argumento Original: "Não haverá paz para os malvados", No habrá paz para los malvados
Melhor Argumento Adaptado: "Rugas", Rugas
Melhor Realizador: Enrique Urbizu, "Não haverá paz para os malvados", No habrá paz para los malvados
Melhor Novo Realizador: Kike Maíllo, Eva
Melhor Filme: "Não Haverá Paz para os Malvados", No habrá paz para los malvados

Melhor Filme de Animação: "Rugas", Arrugas
Melhor Documentário: "Escutando o Juiz Garzón", Escuchando al Juez Garzón
Melhor Filme Europeu: "O Artista", The Artist (França/Bélgica)
Melhor Filme Ibero-Americano: "Uma história da China", Un cuento chino (Argentina)

A cerimónia decorreu com rapidez, mas não a que se esperava devido a alguns discursos de agradecimento muito extensos. Houve dois momentos estranhos a mencionar: na entrega de um dos prémios, um intruso pediu à galardoada uns segundos para defender a sua causa, a filmagem de um western na por vezes agreste região espanhola da Extremedura, talvez por não lhe ter agradado que um dos nomeados a Melhor Filme Espanhol (Blackthorn - Sin Destino, um western) tenha sido gravado na Bolívia e não na amada Espanha; mais tarde, quando se começou focar um vídeo que passava no grande ecrã do palco, surgiu um grupo de pessoas na plateia que rapidamente se deslocou para o que seria uma das saídas da  grande sala de espectáculos, possivelmente uns seguranças a segurar um homem que parecia mostrar o dedo grande da mão às câmaras.
Para o ano haverá mais. Mais prémios e mais pessoas com causas a defender ou mera fome de exibicionismo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Os Ursos de Berlim

Hoje foram atribuídos os grandes prémios do Festival de Cinema de Berlim de 2012, com um júri presidido pelo realizador britânico Mike Leigh ("Segredos e Mentiras", "Um Ano Mais").

Urso de Ouro: "César deve Morrer" (Cesare deve morire), de Paolo e Vittorio Taviani
Urso de Prata (Melhor Realização): Christian Petzold, Barbara
Urso de Prata ao Melhor Contributo Artístico: Lutz Reitemeier (direcção artística), "A Planície do Veado Branco" (Bain Yu Luan), realizado por Wang Quan'an
Grande Prémio do Júri: Just The Wind, de Bence Fliegauf
Menção Especial: L'enfant d'en haut, de Ursula Meier
Melhor Argumento: Rasmus Heisterberg e Nikolaj Arcel, A Royal Affair
Melhor Actor: Mikkel Folsgaard, A Royal Affair
Melhor Actriz: Rachel Mwanza, Rebelle


A Berlinale distinguiu este ano o cinema português como é muito raro acontecer. Ontem foi anunciado que o filme português "Tabu", produzido em parceria com o Brasil, ganhou o prémio da crítica internacional. Entretanto, surgiram mais duas distinções.

Urso de Ouro para Curtas-Metrages: "Rafa", de João Salaviza
Prémio Alfred Bauer às melhores novas visões do cinema: "Tabu", de Miguel Gomes

Veremos se estas metragens voltarão a receber prémios noutros certames. Mas o me interessa mesmo é saber quando estrearão em Portugal todos os vencedores da Berlinale deste ano.

Parabéns ao cinema português!

O filme "Tabu", de Miguel Gomes, ganhou o Prémio da Crítica no Festival de Cinema de Berlim.
O certame de 2012 terminou hoje com a exibição fora de competição da película Bel Ami, inspirada no romance homónimo de Guy de Maupassant, protagonizada por Robert Pattinson e recebida com pouco entusiasmo.
Vejamos este fim-de-semana se a "Tabu" estará reservado algum Urso ou outro galardão.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Estreias da semana

  • "A Invenção de Hugo" (Hugo), de Martin Scorcese, com Asa Butterfield, Chloe Grace Moretz, Ben Kingsley, Jude Law, Sacha Baron Cohen. País: EUA. Duração: 126 minutos. Baseado no romance para jovens The Invention of Hugo Cabret, de Brain Selznik. Trata do enigma em que estão envolvidos o pai defunto de Hugo e um automato com uma fechadura cuja chave está na posse de uma menina desocnhecida. A acção da narrativa decorre em Paris, no início da década de 1930.

  • "Jack e Jill" (Jack and Jill), de Dennis Dugan, com Adam Sandler, Katie Holmes. País: EUA. Duração: 91 minutos. Esta é uma comédia em que Adam Sandler interpreta tanto Jack como a irmã gémea Jill, que vai trazer muitas dores de cabeça consigo numa visita à família do irmão.

  • "Le Havre" (Le Havre), de Aki Kaurismaki, com André Wilms, Blondin Miguel, Jean Pierre-Darroussin, Kati Outinen. País: Finlândia. Duração: 103 minutos. Vencedor do Prémio da Crítica no Festival de Cannes 2011. Comédia dramática em que Marcel Marx, um famoso escritor e boémio que abandona o seu estilo de vida para poder servir melhor o povo, vai viver com a mulher na pequena cidade portuária de Le Havre, onde começa a trabalhar como engraxador de sapatos. Aí travará amizade com uma criança africana refugiada, que irá tentar proteger da perseguição das autoridades.


  • "O Último Voo" (Le Dernier Vol), de Karim Dridi, com Frédéric Epaud, Marion Cotillard. País: França. Duração: 98 minutos. No ano de 1933, um aviador perde-se no deserto do Sahara enquanto tenta bater um recorde na duração da rota que liga Londres à Cidade do Cabo. Marie, amante e aviadora, tenta procurá-lo, mas irá lidar com diversos problemas burocráticos e uma revolução antes de saber o que lhe aconteceu.
     
  •  
     
     

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Lovely!

"O Artista" (The Artist) tem ganho quase todos os grandes prémios cinematográficos para os quais é nomeado. Os críticos, na sua maioria, têm-no aplaudido ou simplesmente apreciado como um bom filme. Há também quem não perceba o entusiasmo gerado pelo filme e que o ano passado ofereceu-nos títulos mais memoráveis. O público tem ido aos cinemas ver "O Artista", mas não o suficiente para o tornar um êxito de bilheteira, embora acredite tratar-se de algo que vale a pena a ver. De qualquer das maneiras, o jornalista que há uns anos afirmou na revista Time que a França, outrora grande produtora de cultura, estava a cair lentamente na zona do estranho e do isolamento, estará agora a repensar no que escreveu e que há sempre oportunidades para renascer das cinzas.
A película foi realizada e escrita por Michel Hazanavicius. É uma produção franco-belga e nela participam actores de diferentes nacionalidades, entre franceses, norte-americana e a argentina Berenice Bejo. Foi filmada nos E.U.A.

O protagonista do filme é George Valentin, um orgulhoso e talentoso actor de filmes mudos que em 1927 está no pico da sua carreira e da sua fama. Após a estreia do seu mais recente filme, A Russian Affair, Valentin conhece a jovem Peppy Miller, uma fã que com um pouco de sorte consegue ser fotografada junto ao seu ídolo e posar para os jornais.
No dia seguinte, Peppy participa num casting para dançar num filme em que tem de contracenar com Valentin durantes uns momentos. Ambos trocam olhares e começam a sentir empatia e ternura um pelo outro, ainda que Valentin seja casado.
Peppy Miller gosta da experiência de actual e volta a participar em mais castings até, devagarinho conseguir um lugar importante na indústria de Hollywood. Entretanto, algo novo, o filme falado, torna-se no que todos os espectadores querem ver no cinema. Valentin insiste em fazer filmes mudos; Miller não se importa de se adaptar à novidade. Mais não conto.

"O Artista" está filmado como um antigo filme surdo, sem diálogos audíveis  e com uns quantos frames de texto, acompanhado por uma banda sonora que se adequa às sensações vividas pelas personagens. Michel Hazanavicius já afirmou em entrevista que o enredo do seu filme foi influenciado por clássicos como "Assim Nasce uma Estrela" (A Star is Born), de George Cukor com Judy Garland, e há quem considere que "O Artista" não traz nada de novo ao assemelhar-se a este - mas a originalidade na arte nunca é total, lembremo-nos disso. Porém, tantas são as semelhanças como as diferenças. A Peppy Miller de Bejo tem um encanto ingénuo e é apresentada como uma jovem mulher normal que tenta a sua sorte no cinema e Valetin é um actor charmoso que conhece Peppy sóbrio, enquanto a personagem de Garland e o seu co-protagonista se conhecem em condições mais degradantes.

The artist homenageia o cinema mudo na sua forma, mas também no seu tema e com as personagens. É ambientado na Los Angeles do final dos anos 20 do século passado, aborda a Grande Depressão e o subtil reerguer americano. Retrata de modo muito interessante a disputa entre os filmes mudos e os falados e de maneira romântica e terna a relação que se desenvolve entre Valentin e Miller. Jean Dujardin interpreta de forma convincente e emocionante o actor George Valetin, merecendo todos os prémios que tem recebido. São muitos apelativas igualmente as prestações de Bejo, Penelope Ann Miller, John Goodman, entre outros, e do cão Uggie, o fiel companheiro de George Valentin nos seus filmes e na vida, um cão que na realidade se chama da mesma maneira e se vai reformar este ano, com dez anos de idade, após vários dedicados à intepretação. Não sei se foi de facto o melhor filme de 2011, mas "The Artist" é uma pequena jóia que merece ser vista.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

Principais Vencedores dos BAFTA

Venho anunciar-vos os vencedores de alguns dos principais prémios atribuídos anualmente pela Academia Britânica das Artes do Cinema e da Televisão:

Melhor Actriz Secundária: Octavia Spencer, "As Serviçais"
Melhor Actor Secundário: Christopher Plummer, "Assim é o Amor"
Melhor Actriz Principal: Meryl Streep, "A Dama de Ferro"
Melhor Actor Principal: Jean Dujardin, "O Artista"
Melhor Argumento Adaptado: Bridget O' Connor e Peter Straughan, "A Toupeira", a partir da série de obras homónima de John LeCarré
Melhor Argumento Original: Michel Hazanavicius, "O Artista"
Melhor Realizador: Michel Hazanavicius, "O Artista"
Melhor Filme Britânico: "A Toupeira"
Melhor Filme: "O Artista"

Melhor Filme Estrangeiro/ em Língua Não-Inglesa: "A Pele onde Eu Vivo" (Espanha)
Melhor Documentário: "Senna"
Melhor Filme de Animação: "Rango"
Melhor Curta-Metragem: "Pitch Black Heist"
Melhor Curta-Metragem de Animação: "A Morning Stroll"

Prémio Talento em Ascensão: Adam Deacon
Melhor Primeiro Trabalho: Paddy Considine e Darmid Scrimshaw, "Tiranossauro"

Melhor Banda Sonora: Ludovic Bource, "O Artista"
Melhor Montagem: "Senna"
Melhor Cinematografia: "O Artista"
Melhor Direcção Artística: "A Invenção de Hugo Cabret"
Melhor Vestuário: "O Artista"
Melhor Som: "A Invenção de Hugo Cabret"
Melhores Efeitos Visuais: "Harry Potter e os Talismãs da Morte - Parte 2"
Melhor Maquilhagem: "A Dama de Ferro"

Melhor Série Televisiva Dramática: "Sherlock"
Melhor Série Televisiva Não-Britânica: "The Killing - Crónica de um Assassinato" (Dinamarca)
Prémio Youtube do Público para Melhor Série Britânica: "The Only Way is Essex"

Creio que o principal vencedor da noite, "O Artista", é um bom filme, divertido, que faz uma bela homenagem aos filmes mudos, aos primeiros filme falados, bem como aos famosos realizadores e actores que elevou ao estrelato.

Goodbye, Miss Houston

Morreu alguém que emocionou corações com a sua voz e as suas canções. Whitney Houston tinha apenas 48 anos. Segundo algumas notícias, o abuso das drogas e um estilo de vida nada saudável arruinaram a sua voz e fizeram-na perder a faísca que a tornava numa grande cantora. No entanto, quem sabe que projectos poderia ter desenvolvido no futuro, caso tivesse essa oportunidade?

Whitney Houston lançou o primeiro single em 1985 e não tardariam a surgir mais singles, discos e prémios. Cantou o hino nacional dos E.U.A. na final da Superbowl de 1991 de uma maneira que fascinou milhões de pessoas.
Contudo, a senhora Houston também fez alguns trabalhos como actriz, nomeadamente no filme "O Guarda-Costas" (The Bodyguard), em que contracenou com Kevin Costner. Tratava da relação entre uma cantora de sucesso e o seu guarda-costas, às vezes complicada, mas que acaba por se transformar em amor. É um filme engraçado para ver durante a tarde ou a noite para matar o tempo, ainda que conte com boas canções na sua banda sonora, como a intensa I Will Always Love You, e algumas sequências românticas que podem fazer o coração mais sensível bater mais depressa. Foi um sucesso de bilheteiras e agradou mais ao público que aos críticos de cinema: tanto recebeu nomeações para os Razzies como para os MTV Movie Awards.

Muitos afirmam que o casamento com o rapper Bobby Brown em 1992 foi o responsável pela lenta queda de Whitney Houston. Com ele teve uma filha, mas também problemas.
A esta altura ainda não se sabe o que a matou, mas haverá muita gente a pensar numa overdose como causa de morte e um jornal sugere que morreu afogada na banheira. Mas, por enquanto, pensemos no que Whitney Houston nos deixou de bom....


http://www.youtube.com/watch?v=3JWTaaS7LdU&feature=fvsr

sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Colisão" na RTP2

Hoje, às 22:40, a RTP2 vai transmitir o filme "Colisão" (Crash), de Paul Haggis, vencedor do Óscar de Melhor Filme no ano de 2006.
Conta com a participação de vários actores conhecidos, como Sandra Bullock, Thandie Newton, Brendan Fraser, Don Cheadle, o rapper Ludacris, entre outros. Apesar dos trabalhos interessantes por parte de grande parte do elenco, Matt Dillon, Terrence Howard e Thandie Newton foram os mais elogiados pelos críticos.
Se bem me recordo, o Óscar de Melhor Filme foi recebido com alguma surpresa pelos meios. Era um filme que tinha estreado em Maio nos E.U.A., quando geralmente os vencedores do galardão estreiam nos últimos meses do ano. Não é uma película que termine com uma moral ou uma mensagem positiva que nos arrebate o coração.
Sim, há filmes bastante negros que já receberam este prémio. Porém, "Colisão" não é estranhamente complexo ou sanguinário. É um retrato de episódios nas vidas de habitantes de Los Angeles que se cruzam apesar das diferenças sociais e culturais, um retrato do racismo e da desconfiança que ainda se pode respirar em muitos locais nos E.U.A., mas que também mostra que por vezes essa colisão de elementos divergentes é necessária e pode trazer benefícios e gerar compreensão.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

"Os Descendentes"

"Os Descendentes", sendo The Descendants o título original. É baseado numa obra ficcional de Kaui Hart Hemmings e recebeu, na gala dos Globos de Ouro de Janeiro, os prémios para Melhor Actor num Filme Dramático (George Clooney) e Melhor Filme Dramático. Já recebeu outros tantos galardões que visaram premiar não só o filme e o actor principal, mas igualmente o guião adaptado ou a jovem actriz secundária Shailene Woodley. Está nomeado para cinco Óscares da Academia Americana de Cinema: Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Argumento Adaptado, Melhor Actor num Papel Principal e Melhor Montagem.

Este filme centra-se na personagem de Matt King, um descendente de um membro da antiga realeza do Hawaii, que gere e trata das burocracias inerentes a vários terrenos pertencentes à sua família. Matt está quase sempre atarefado e a sua vida está longe do cenário idílico a que muitos associam a vida no arquipélago aparentemente paradisíaco do Hawaii.
No entanto, a sua rotina é quebrada por um terrível acidente; a mulher sofre um acidente enquanto pratica desportos radicais e entra num grave estado de coma. Matt vê-se então a braços com uma nova tarefa, a de tomar conta das filhas e reaproximar-se das mesmas. Poderia ser algo fácil, mas não vai ser: a filha mais nova, Scottie, diz palavrões e dirige gestos impróprios a adultos, além de apresentar alguns gostos estranhos e meter-se em problemas na escola; a filha adolescente, Alexandra, tem uma má relação com a mãe e guarda segredos que irão gerar uma reviravolta na vida emocional de Matt.

"Os Descendentes" é um filme que mistura com grande eficácia o drama com a comédia. Outra das suas qualidades é mostrar duas realidades distintas do Hawaii: por um lado, o quotidiano repetitivo de muitos dos seus habitantes e a apatia das zonas urbanas; por outro, a beleza das paisagens e a alegria dos bares e da música local.
Gostaria ainda de elogiar o trabalho dos actores. George Clooney foi uma boa escolha para o papel de Matt King, mas o mesmo se pode dizer das jovens actrizes que interpretam Alexandra (Shailene Woodley) e Scottie (Amara Miller) e de outros actores. Interpretam as suas personagens com realismo e sabem quando ser cómicos ou transparecem tristeza, graças a um bom "casting" e a um bom realizador.
Não é um filme perfeito, mas é bastante bom. Muito recomendável.